Livro Vida de Caminhoneiro

quinta-feira, 9 de junho de 2011

CONVERSAS DE CAMINHONEIRO


Aqui vai um dos causos que conto em meu livro VIDA DE CAMINHONEIRO Pág. 158


    Na profissão de estradeiro, como vi, também já ouvi muitas histórias. Algumas verdadeiras, outras nem tanto assim. Se você prestar atenção em uma roda de caminhoneiros, com certeza vai ouvir muitas histórias engraçadas e tristes também.
Foi assim que nasceu a inspiração deste livro, que retrata a vida de um caminhoneiro.
Quando muitos caminhoneiros se juntam, sai de baixo, rola todo tipo de conversa. A mais comum é, falar do próprio caminhão, ou seja, dizer que o dele sobe mais que o do outro, que leva mais peso, que anda mais rápido e por aí vai.
No mesmo momento nasce e torna-se uma discussão danada.
 Engraçado de se ver, eu mesmo já participei de várias discussões como estas, mas o legal e o interessante, é quando começam a contar histórias dos próprios companheiros de profissão.
Certo dia, dois compadres estavam viajando juntos, mas em caminhões separados.
 Estavam indo para o Ceasa carregados com batatas, chegando a uma serra muito perigosa, o compadre, que estava na frente, pegou uma velocidade maior e o outro que estava logo atrás dizia:
 “Do jeito que o compadre descer eu também desço, o meu caminhão é melhor que o dele!”
O compadre da frente cantava pneus nas curvas, parecia que não conseguiria fazê-las, chegava à levantar os pneus do chão, parecendo que ia tombar, mas fazia a curva.
O compadre que vinha logo atrás, morrendo de rir e gritando que era o bom, fazia o mesmo. Virava para cá, virava para lá e dá-lhe cantoria de pneus.
Quando a serra acabou, o compadre da frente deu um jeito de parar com muita dificuldade no primeiro posto que apareceu, seguido de perto por seu maluco companheiro.
Logo que pararam, o compadre desceu do caminhão todo suado e trêmulo.
Seu companheiro, claro, foi ao seu encontro. “Eh compadre, não tem ninguém para descer uma serra igual a nós dois, hein?!” E o compadre, ainda tremendo, respondeu:
“Seu caminhão também acabou o freio?”
Pois é assim, onde o caminhoneiro se reúne, sai de tudo e um pouco mais, logo outra história surge:  um colega nosso estava viajando e de repente o pneu do caminhão estoura, ele para no acostamento, já é tarde da noite, assim ele liga para o patrão:
“Patrão, o pneu estourou!” O patrão, do outro lado da linha, dizia: “Mas estourou de que jeito?”
“Fez buuuuuuummmmmmm, patrão” ... Ora, ora!
Outra história parece absurda, mas aconteceu, não se trata de um caminhoneiro, mas de uma pessoa que estava indo para Aparecida do Norte com a sua esposa. Chegando à Via Dutra, entrou na contramão e prosseguia como se nada estivesse errado.
Os automóveis que vinham em direção contrária, piscavam os faróis a todo instante a fim de alertá-lo.
 A esposa perguntou-lhe: “Porquê os carros estão piscando tanto os faróis?”  E olha só a resposta dele:
“Não liga não querida, se não for acidente é guarda.”
É meu amigo, a “caminhoneirada” tem história e fala mais que o homem da cobra.
 Quando estão em um escritório, se juntam três ou mais caminhoneiros, o secretário manda logo todo mundo sair, pois vira uma barulheira sem fim.
É um dizendo que faz com tantas horas, outro que faz com menos, só sei que é duro de aguentar algumas vezes, logo o patrão chega e bota ordem na casa: “Vão conversar lá fora, se não ninguém consegue trabalhar aqui.” E eu me divirto muito com estes companheiros de estrada, pois eles têm muito assunto quando a gente se encontra.
Mas uma coisa me deixa cansado, é quando estamos num final de semana, numa lanchonete ou festa de encontro com amigos caminhoneiros, e qual é o assunto? Caminhão!
Pelo menos no final de semana, nas folgas, nas festas...
Vamos falar da mulherada?
Por favor, né!

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https://www.clubedeautores.com.br/livro/vida-de-caminhoneiro#.XKtwLFVKjIU