Livro Vida de Caminhoneiro

quinta-feira, 12 de abril de 2012

NOITES DE BAGUNÇA - PÁG 104


           Quando comecei a trabalhar como caminhoneiro, muitos de meus amigos começaram também na mesma época. Era uma molecada sem juízo pela estrada, naquela época, o frete era muito bom e o óleo diesel era muito barato. Podíamos andar e passear com o caminhão vazio por todos os lados.
Eram caminhoneiros com dezoito e dezenove anos, todos sem um pingo de juízo. Passávamos por todo lugar possível em Pouso Alegre/MG, desde danceterias, bares e o mais legal: As casas com luzes coloridas, você sabe qual é né? Pois é! 
           Era uma festa só, cada caminhão mais enfeitado que o outro e a gente andava todos os dias, pois quando estávamos vazios não dava nenhuma diferença no frete, era uma beleza.
          Certo dia me encontrei com um amigo de Bom Repouso/MG, que me convidou para irmos a tal casa, eu topei na mesma hora. A casa era um pouco afastada da cidade, era um sítio que tinha uma porteira estreita para entrar. Chegando lá, eu entrei primeiro com o caminhão e encostei. O meu amigo, conhecido como Rubão, ao entrar bateu na porteira, derrubando toda cerca no chão, fazendo uma barulheira danada, nisso, a mulherada vendo aquele estrondo, saíram todas na janela para ver o que havia acontecido. Este meu amigo, apavorado com o que havia feito, gritou: “Vamos embora daqui antes que a polícia chegue”, saímos correndo dali, morrendo de rir.
        Outro fato que aconteceu, foi quando chegando a uma dessas casas “New Sagitários”, depois de uma chuva, era uma estrada de terra que acabei atolando o caminhão no barro, fazendo a maior barulheira tentando tirar o caminhão do atoleiro. Estava atolado bem ali, não tinha jeito, o pior é que eu estava na porta da tal casa, atrapalhando os clientes que estavam chegando para se divertir.
        A minha sorte é que outro amigo de Bom Repouso/MG também teve a mesma ideia de ir ao mesmo local com o seu caminhão. Vendo-me ali atolado e pagando mico, me ajudou e puxou meu caminhão, que desatolou.
        Nesta época a gente se encontrava muito nestes lugares, era uma festa só... “EITA” povo sem juízo.
        Foi até certo dia em que eu estava voltando de Belo Horizonte, juntamente com este mesmo amigo que me desatolou, resolvemos parar ali para fechar a viagem com alegria e um pouco de festa, apenas para beber uns drinques e dormir tranquilos. No meio daquele movimento, eu perdi meu amigo de vista e perguntei a uma linda morena se ela não havia visto ele por ali.
        Ela prontamente me respondeu que ele havia saído com a sua amiga, daí eu pensei, “Vou ficar sozinho? Também irei!” E fui.
         Neste tempo, o meu amigo também estava me procurando e perguntou a outra menina onde eu estava, ela falou que eu havia saído com a sua amiga, daí ele disse a mesma coisa.  “Eu vou ficar aqui sozinho? Também irei!” E foi.
       Mancada dupla, naquela época nós ganhávamos setenta reais por uma viagem até Belo Horizonte/MG, e ali, nós gastamos noventa reais em uma hora. Não sabíamos se chorávamos ou se caíamos na gargalhada. Só sei que um olhou para o outro e repetimos: “Mas como você é bobo!”
       Depois deste fato, nunca mais passei na tal casa, o meu amigo também não quis nem saber. De vez em quando eu encontro com ele e relembro com muita risada esta nossa inexperiência de vida.

      

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